Eu não gosto de você. Não consigo. E não é um "não gostar" indiferente, é um "não gostar" repulsivo. Mantenha uma distância segura de mim, obrigado. Não me toque. Odeio que me toquem. Dispenso suas piadas sem graça, elas só aumentam a minha raiva. Não sei quando isso começou, mas sei que isso existe desde o momento em que uma criança passa a ter consciência das coisas. Às vezes acho um pouco injusto, afinal, você faz tudo por mim. Mas seria hipocrisia gostar de você só por causa disso. Acho até que você já notou, apesar dos meus esforços em disfarçar. Não me importo mais. Talvez seja até bom que você saiba mesmo, assim você nem ao menos cogita a possibilidade de atravessar o cordão de isolamento que eu criei e mantive durante toda a vida.

Para P., sem amor, sem açúcar e sem afeto.