sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

#100

O texto de número #100 ia ser o começo de uma idéia que tem martelado na minha cabeça já faz um tempo, mas resolvi colocar outra coisa. Resolvi postar aqui, exatamente com as mesmas palavras, como um grande amigo meu me descreveu. Além de muito verdadeiro, foi curiosíssimo o jeito como ele me viu. Eu, por Thiago, que me enche de saudades (:

Eu acho que você é mais forte que um barco à deriva e simplesmente não entendo porque você não se vê assim. Mesmo o mundo sendo cheio de tosquisse você corre pouco a pouco, deixa o barco ficar à deriva. Aproveite, porque por enquanto dá mas, em breve, não dará mais. Assume logo a rédia, ajeita a vela e vambora. Você é o sertão em forma de gente. Você é ríspida como o sertão, frágil como ele. Se nego entra no sertão desatento sai arranhado, a roupa rasga, o sangue sai. Se o cabra conheçe, vai preparado e consegue fazer do sertão um lugar fértil, com identidade forte, pé no chão e muita força no dia-a-dia. Passa seca, mas aguenta firme. Com um pouco de água, volta a ficar verde e só quem conhece bem o sertão sabe sobreviver nessas circunstancias. Mas o sertão tem suas fragilidades como desmatamento para carvão ou uso intensivo de fertilizantes naturais que, ao longo de anos, causam desertificação do solo, quadro irreversível. Portanto, o sertão é forte como o diabo quando natural e frágil como o cristal quando tem o saco chutado. O sertão não escolhe nada, mas você pode não deixar chutarem seu saco ou pode ficar cansada de chutarem seu saco e começar a chutar o saco alheio. Mas não como o sertão que se defende arranhando os incautos, mas impondo sua forma de ser. Ou você vai para as cabeças, ou fertilizantes artificiais vão desertificar um solo que para muitos é pobre, mas para quem sabe lidar com ele, sabe que é rico.

Um comentário:

Fábio Jardelino disse...

porra; axei muito lindo o texto; e verdadeiro!!! nesses espinhos ai... eu já me cortei muito!