Eu acho que você é mais forte que um barco à deriva e simplesmente não entendo porque você não se vê assim. Mesmo o mundo sendo cheio de tosquisse você corre pouco a pouco, deixa o barco ficar à deriva. Aproveite, porque por enquanto dá mas, em breve, não dará mais. Assume logo a rédia, ajeita a vela e vambora. Você é o sertão em forma de gente. Você é ríspida como o sertão, frágil como ele. Se nego entra no sertão desatento sai arranhado, a roupa rasga, o sangue sai. Se o cabra conheçe, vai preparado e consegue fazer do sertão um lugar fértil, com identidade forte, pé no chão e muita força no dia-a-dia. Passa seca, mas aguenta firme. Com um pouco de água, volta a ficar verde e só quem conhece bem o sertão sabe sobreviver nessas circunstancias. Mas o sertão tem suas fragilidades como desmatamento para carvão ou uso intensivo de fertilizantes naturais que, ao longo de anos, causam desertificação do solo, quadro irreversível. Portanto, o sertão é forte como o diabo quando natural e frágil como o cristal quando tem o saco chutado. O sertão não escolhe nada, mas você pode não deixar chutarem seu saco ou pode ficar cansada de chutarem seu saco e começar a chutar o saco alheio. Mas não como o sertão que se defende arranhando os incautos, mas impondo sua forma de ser. Ou você vai para as cabeças, ou fertilizantes artificiais vão desertificar um solo que para muitos é pobre, mas para quem sabe lidar com ele, sabe que é rico.
Um comentário:
porra; axei muito lindo o texto; e verdadeiro!!! nesses espinhos ai... eu já me cortei muito!
Postar um comentário